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Você já ouviu falar em pobreza menstrual? Sabe o que tem sido feito para amenizar o problema?



A pobreza menstrual é caracterizada pela falta de infraestrutura, recursos e até conhecimento por parte de pessoas que menstruam para cuidados envolvendo a própria menstruação. Ela afeta pessoas que vivem em condições de pobreza e situação de vulnerabilidade.


A falta de acesso a itens de higiene e à infraestrutura adequada para higiene é mais do que pobreza e precariedade, é absoluta falta de dignidade.


A dificuldade de acesso a serviços de água, saneamento e higiene adequados impactam diretamente no desenvolvimento socioemocional da pessoa vulnerável, afetando a autoestima e autoconfiança. Além disso, a dificuldade da gestão menstrual adequada pode levar à evasão escolar.


A falta desses itens é somente a ponta de um problema muito maior. Estamos falando de desigualdades, falamos de pessoas que não tem acesso a saneamento básico e acesso à água.


Não afeta somente mulheres, mas afeta aquelas que são identificadas hegemonicamente como mulheres. Em outras palavras, deve se levar em conta que homens trans também menstruam. Por isso, nesse debate a questão da transmasculinidade também é muito importante.


A pobreza menstrual é uma questão de violência de gênero e que envolve também muitas questões sociais interseccionais. Os dados oficiais indicam isto.


Segundo estudo da UNICEF, realizado em 2021, no Brasil, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.


Estes dados ainda não refletem a realidade e se tornam ainda mais alarmantes se considerarmos que cerca de 13,6 milhões de habitantes (cerca de 6,5% da população) vivem em condições de extrema pobreza, ou seja, sobrevivendo com menos de U$ 1,90 por dia (o equivalente a R$ 151,00 por mês segundo cotação vigente em 2019) e cerca de 51,5 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza (1 a cada 4 brasileiros vivendo com menos de R$ 436,00 ao mês).


Ou seja, é possível afirmar sem sombra de dúvidas que há muito mais pessoas em situação de pobreza menstrual do que os dados oficiais revelam.


Tudo está conectado com a desigualdade social e a violação de direitos para essas mulheres que na maioria são pobres, estão na periferia, e em sua grande parte, são negras.


Isso porque uma família com menos recursos financeiros tende a dedicar o pouco dinheiro que tem à alimentação e ao sustento de sua família, sobrando muito pouco ou quase nada para adquirir itens de higiene pessoal/menstrual.


A falta de absorventes e coletores menstruais também é um grande problema enfrentado por milhares de meninas no Brasil. Elas acabam recorrendo a outros materiais inadequados para absorver o sangue como papel higiênico, roupas velhas, jornais, papelão e até mesmo miolo de pão. Estes materiais são totalmente inapropriados para tal finalidade e podem causar graves danos à saúde íntima da mulher.


Diante desse cenário alarmante, é fundamental ações e políticas de saúde para reverter o quadro de pobreza menstrual do Brasil e garantir direitos a cada pessoa que menstrua no País.


Os dados revelam urgência em se garantir que todas as pessoas que menstruam tenham direito a itens de higiene, infraestrutura adequada e informação, até mesmo como forma de garantir a efetivação de um direito humano fundamental: a dignidade.


A menstruação é um processo natural, viver esse momento com acesso a informações e aos insumos necessários, como absorventes, é um direito de toda pessoa que menstrua.


A elaboração e implementação de políticas públicas que garantam a saúde menstrual é urgente, garantindo a dignidade menstrual e possibilitando bem-estar, autoconhecimento e confiança durante o ciclo menstrual.


Nos últimos 24 meses, o Grupo Elos Invisíveis – junto com seus parceiros – contribuíram com a dignidade menstrual de 6 mil adolescentes e jovens que menstruam e vivem em comunidades vulneráveis de Curitiba.


Diversas rodas de conversas foram organizadas em 8 comunidades carentes da capital, nas quais pessoas que menstruam foram engajadas e engajados na cocriação de soluções para o manejo menstrual, com foco na dignidade menstrual.


Durante os eventos, mais de 7 mil itens de higiene foram distribuídos pelos voluntários do Grupo Elos Invisíveis e parceiros – como a Coordenadoria Estadual de Enfrentamento à Violência Doméstica – CEVID, do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

As ações são simbólicas e servem para trazer a tona um problema que, para ser resolvido, exige uma mudança sistemática, estrutural e efetiva do nosso sistema de poder e também da mentalidade da sociedade sobre a questão.


Por isso, fazemos um convite a todos que estão lendo esse blog para entrar em movimento conosco e nos ajudar a combater a situação de pobreza menstrual que assolam as pessoas que menstruam em nosso país.


E como você pode ajudar? Você pode doar itens de higiene para as nossas campanhas ou então compartilhar esse texto, disseminando o trabalho que vem sendo realizado.



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